Vicente Lucas nasceu em Moçambique, 1935. Aos 16 anos já era titular da equipa do 1º de Maio onde também tinha jogado o irmão Matateu (Sebastião Lucas da Fonseca). As suas qualidades futebolísticas desde logo se manifestaram, a ponto de, apenas dois anos depois, ter sido contratado pelo CF "Os Belenenses". Rezam as crónicas que a chegada a Lisboa foi apoteótica e que, no jogo de estreia oficial foi o autor do golo com que o CFB derrotou o FCP.Começou por jogar na posição de médio embora tenha sido a defesa central que evoluiu ao longo da maior parte da carreira.

O desarme e o passe eram as suas grandes virtudes futebolísticas, muito embora também se revelasse como finalizador. A correcção e o respeito por colegas e adversários, atitudes que manteve sempre, dificilmente encontram e encontrarão paralelo.

O ponto alto da carreira aconteceu no Mundial/66. Foi titular nos quatro primeiros jogos, que Portugal venceu. Contra a Coreia do Norte, jogou largos minutos com uma fractura na mão, sem que ninguém lhe vislumbrasse um queixume. Acabou aí o Mundial para ele. E Portugal perdeu, a seguir, com a Inglaterra. Pelo meio, marcou pela sexta vez Pelé, anulando-o completamente como já fizera anteriormente em cinco ocasiões.

Logo a seguir ao Mundial, um acidente de viação provocou-lhe a perda de uma vista. Um acidente em que, para não ferir um transgressor, colidiu voluntariamente com um poste.

Acabou aí a carreira de futebolista.

O que se seguiu foi impressionante! Uma festa de homenagem nacional, a que aderiram todos os principais clubes, com jogos em simultâneo por todo o país e que se estenderam a Angola e Moçambique. O País parou para homenagear Vicente Lucas!

Algumas das muitas coisas que sobre Vicente foram ditas: Carlos Pinhão: "Jogava em bicos de pés mas nunca se punha em bicos de pés."Daily Mail: " Vicente é o mais fino defesa do mundo."Pelé: "Vicente foi o jogador que melhor me marcou! Além disso, nunca me tocou sequer!"

Uma singela homenagem a um jogador que me habituei a admirar desde os meus 10 anos. Que me acompanhou nos "cromos".

Uma singela homenagem aos tempos em que o futebol era diferente. Em que os estádios estavam cheios e os protagonistas eram quem jogava a bola.

Obrigado, Vicente.

(Cromo gentilmente cedido pelo leitor/comentador A. Almeida)